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Domiciano Ferreira Monteiro de Castro

8.7.8

 Domiciano Ferreira, terceiro filho do 2º Barão de Congonhas e da Baronesa Belarmina Emilianna Monteiro de Castro. Nasceu em Congonhas do Campo no dia 3 de janeiro de 1863. Foi fazendeiro, na comunidade rural Arrojado Lisboa, em Belo Vale. Este possuía muitas terras que estendiam de sua Fazenda, chamada Boa Vista, até o Pires em Congonhas, de acordo com o inventário do finado Barão, 29 hectares de terras concedidas por seu pai. Casou em 16 de dezembro de 1893 com Maria da Conceição Penido Monteiro de Castro (sol. Maria da Conceição Nogueira Penido), que tinha por alcunha Tita. Ela nasceu em Belo Vale, no dia 29 de julho de 1875, filha do Manoel Lúcio Nogueira Penido e de Anna Carolina Nogueira Penido.

Retrato pintado em tela de data desconhecida de Domiciano e Maria da Conceição encontrado na residência de sua bisneta Martha Gertrudes Monteiro Guimarães Ribeiro. Provavelmente essa fotografia residia na sala de estar na residência do casal.

A origem dos Nogueiras Penido, influente família do século XIX do vale do rio Paraopeba, remete a

Manuel Nogueira Penido

 

Esse português nasceu por volta de 1700 no lugar de Guardão, da freguesia de São Miguel de Gandra, antigo concelho de Aguiar de Sousa, comarca de Penafiel, distrito e bispado do Porto, na província do Douro, onde também nasceu, por volta de 1660, seu pai Manuel Nogueira. Este era casado com Maria Francisca, filha de Gaspar Fernandes e Ana Francisca; natural da aldeia dos Penedos, freguesia de Santo André de Sobrado, concelho de Valongo, comarca, distrito e bispado do Porto. Manuel Nogueira era filho de Ana João e de Tomé Nogueira, este nascido em 22 de abril de 1637. Tomé era filho de Manuel Antônio e de Margarida Nogueira, esta nascida em 1590. Margarida era filha de Gonçalo Nogueira – nascido em 1545 – e de Leonor Gonçalves, esta filha de Domingos Gonçalves, que nasceu em 1520. Esses dados foram extraídos do Arquivo Distrital do Porto pelo genealogista Guaracy de Castro Nogueira, instituidor do Instituto Maria da Castro Nogueira.

 

Podemos fazer uma grande ressalva a respeito do sobrenome Penido. Ele foi criado aqui para referenciar a origem de Manuel Nogueira Penido. O sobrenome se tornou um topônimo de Penedos, aldeia da freguesia de Santo André de Sobrado onde nasceu Maria Francisca, mãe de Manuel.

 

Na primeira metade do século XVIII, Manuel Nogueira Penido veio para as Minas, conforme mostra um registro de sua presença em Vila Rica no censo de 1731 e de seu nome numa relação secreta organizada pelo Provedor da Fazenda Real Domingos Pinheiro, como um dos homens de negócio mais abastados da Capitania.  Sabemos também que, junto com Manuel Nogueira Penido, veio para as Minas seu sobrinho João Nogueira Duarte, nascido em 1737 em Portugal, irmão do padre José Nogueira de Guardão e filho dos portugueses Custódio Nogueira e Maria Duarte. Ele se estabeleceu na fazenda Serra Negra em Betim e constituiu o tronco dos Nogueira Duarte da região de nossa antiga comarca do Rio das Velhas, ou de Sabará.

 

Nas Minas, Manoel foi fazendeiro e negociante com muitas posses em terras, escravos e minerais. Aqui casou com com Luísa Rodrigues Sousa, em Mariana, em 1º de agosto de 1746, sendo testemunhas João Nogueira de Guardão e o capitão Manuel Ferreira de Araújo. Luísa nasceu em São Sebastião, Vila do Carmo e foi batizada em 25 de agosto de 1729 na igreja de São Sebastião, comarca e diocese de Mariana, sendo padrinhos João Teixeira e Maria Soares. Ela era filha de Pedro Dias Teixeira – português de São Miguel de Urró, comarca de Arouca, bispado de Lamego – e de Santa Rodrigues de Sousa – portuguesa de São Vicente de Irivo, comarca de Penafiel, bispado do Porto.

Igrejas Gêmeas de São Francisco de Assis, localizadas na Praça Minas Gerais em Mariana, construidas em 1763.

O casal Manuel/Luísa estabeleceu-se no sítio do Porto Alegre da freguesia de Itabira do Campo e constituiu o tronco dos Nogueira Penido de nossa região. O grande genealogista cônego Raimundo Trindade em seu livro “Troncos Mineiros” cita cinco filhos do casal: os padres Manuel e José, Agostinho, Inácio e Antônio. Através do processo “De Genere” do padre José Nogueira de Guardão, filho de Custódio Nogueira – português nascido em 1695 – e sobrinho de Manuel Nogueira Penido; nascido em 6 de outubro de 1734 no lugar de Guardão da freguesia de São Miguel de Gandra, ficamos sabendo que Manuel e Luísa tiveram muitos filhos e filhas (processo arquivado em Mariana e com cópia no ICMC em Itaúna).

Porém para prosseguir com a ascendência de Maria da Conceição Nogueira Penido só nos importa Agostinho Nogueira Penido. O segundo filho do português Manoel nasceu em 1764 e foi batizado na Ermida do Senhor Matozinho do Porto Alegre, filial da freguesia de Itabira do Campo, em 17 de setembro de 1764 pelo padre José Nogueira de Guardão, tendo por padrinhos Manoel Coelho de Oliveira, solteiro, e Rosa, solteira, irmã do batizado. Em 1798 requereu sesmaria próximo ao Rio Paraopeba e fundou a Fazenda Porto Alegre. Casou-se em 21 de outubro de 1802 na capela de São Francisco, freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Vila Rica, com Inácia Eulália Florentina da Fonseca natural de Ouro Preto, irmã da baronesa do Paraopeba e filhas do português José Veríssimo da Fonseca e de Ana Felizarda Joaquina de Oliveira, esta natural de Ouro Preto. Agostinho foi Sangento-mor de acordo com o Jornal O Universal de 1838 e faleceu em 12 de fevereiro de 1845 sendo sepultado na fazenda do Porto Alegre.

 

O casal teve 9 filhos: José Inácio, Pe. Agostinho, Jerônimo Máximo, Maria Agostinha, Fortunato Rafael, Francisco de Paula, Joaquim e os gêmeos Antônio e Antônia.

 

José Inácio Nogueira Penido, o primeiro filho de Agostinho, é avô materno de Tita. Nasceu no ano de 1805 em Congonhas do Campo. Formou em Direito pela Academia de São Paulo, em 1834 e foi promotor de justiça de acordo com um recorte do jornal Typografia do universal de 1840 e Juiz Municipal de Órfãos dos Termos de Queluz e Bonfim em 1847. Casou-se com Anna Carolina Monteiro de Barros, filha do Capitão Manuel Lobo Leite Pereira e de Maria do Carmo Monteiro de Barros.

 

"Capitão Manuel nasceu em 1767 e faleceu em 1842, era filho do Capitão Luiz Lobo Leite Pereira e de Josefa de Ávila e Silva Figueiredo. Maria do Carmo, por sua vez, era filha única do Dr. João Gualberto Monteiro de Barros que nasceu em 1770 na cidade de Congonhas. Estudou Direito e Matemática na Universidade de Coimbra, habilitou-se em "de genere et moribus", mas não chegou a encaminhar-se na vida sacerdotal. Ele era irmão de Maria do Carmo Monteiro de Barros, avó paterna de Domiciano Ferreira Monteiro de Castro. João Gualberto casou com Ana Felizarda da Fonseca, irmã de Inácia Eulália Florentina da Fonseca e da Baronesa do Paraopeba Felizarda Contância Leocádia da Fonseca, citadas anteriormente." Para saber mais sobre João Gualbrto acesse o artigo genético: "Genealogia documental aliada a genética: da importância à aplicação prática!".

 

José Inácio e Anna Carolina tiveram 10 filhos que serão listados a seguir:

1.2.1.1 Maria do Carmo Nogueira Penido c/c João Antônio Ribeiro de Araújo

   1.2.1.1.1 Maria Estephania Ribeiro Penido c/c João Marques da Silveira

   1.2.1.1.1.1 Pe. João Batista Marques

   1.2.1.1.1.2 Pe. José Maria Marques Penido

   1.2.1.1.1.3 Maria Filomena Marques Penido

   1.2.1.1.1.4 Armando Marques Penido

   1.2.1.1.1.5 Henrique Marques da Silveira Penido c/c Maria José Jacques de Moraes

   1.2.1.1.1.5.1 Arthur José Jacques Penido c/c Celme Ferreira Duarte
   1.2.1.1.1.5.2 Henrique Octavio Jacques Penido

   1.2.1.1.1.5.5 Pe. José Luciano Jacques Penido

   1.2.1.1.1.5.6 Paulo Felisberto Jacques Penido

   1.2.1.1.1.5.4 Guido Deodoro Jacques Penido

   1.2.1.1.1.5.7 Maria Celeste Jacques Penido

   1.2.1.1.1.5.8 Lauro Jacques Penido c/c Marlene

   1.2.1.1.1.5.9 Luiz Jacques Penido c/c Maria Ângela

1.2.1.2 Joaquim Inácio Nogueira Penido c/c Romualda

1.2.1.3 Antônia Nogueira Penido

1.2.1.4 Agostinho Nogueira Penido c/c Mariana de Souza

1.2.1.5 José Inácio Nogueira Penido (Filho) c/c Bernardina Monteiro de Castro, filha do 2º Barão de Congonhas do Campo, Lucas Antônio Monteiro de Castro e de Belarmina Emiliana d’Oliveira, pais de Domiciano Ferreira Monteiro de Castro. Descendência descrita na página "Filhos de Lucas Antônio e Belarmina".

1.2.1.6 Inácia Nogueira Penido

1.2.1.7 Antônio Pedro Nogueira Penido c/c Clara

1.2.1.8 Anna Carolina Nogueira Penido c/c Manoel Lúcio Nogueira Penido (pais de Maria da Conceição)

1.2.1.9 Fortunato Augusto Nogueira Penido, falecido solteiro

1.2.1.10 Francisca Nogueira Penido, falecida solteira

 

Anna Carolina foi a sétima filha de Anna Carolina Monteiro de Barros e José Inácio N. Penido, nascida em janeiro de 1851 e batizada em 7 de janeiro de 1851 pelo seu tia-avô materno Joaquim Nogueira Penido na Paróquia de São Gonçalo da Ponte, do município de Belo Vale, como mostra o registro abaixo escrito pelo Padre Pires Ribeiro. Tal registro foi encontrado na Igreja de São José do Paraopeba, município de Brumadinho:

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Anna foi fazendeira em Bonfim e casou com Manoel Lúcio Nogueira Penido, este que já fora casado anteriormente sendo seu primo. Tiveram apenas dois filhos: Maria da Conceição Nogueira Penido, citada nas primeiras linhas desta página e casada com Domiciano Ferreira, e José Ramiro Nogueira Penido.

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José Ramiro nasceu em São Gonçalo da Ponte e foi batizado em 29 de novembro de 1877 na fazenda Providência pelo Vigário Domingos Gomes do Carmo. Infelizmente faleceu novo, solteiro, aos 42 anos de idade de “febre tipho” no dia  10 de dezembro de 1920 na fazenda Casa Nova e foi sepultado no cemitério de Boa Morte, segundo declaração de seu sobrinho José Inácio Monteiro Castro, em 12 de outubro de 1920 no distrito de Porto Alegre.

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Manoel Lúcio Nogueira Penido foi uma figura incomparável que viveu nas terras do Paraopeba no século XIX. Através de pesquisas nos documentos anexados no Family Search e de e-mails trocados com o genealogista Alan Penido, foi descoberta sua ascendência. Em um testamento do Major Antônio Lúcio Nogueira Penido é citado seu nome como herdeiro:

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“Em nome da Santissima Trindade Padre Filho Espirito Santo, tres pessoas distinctas e hum só Deos em quem eu Antonio Lucio Nogueira Penido firmemente creio e em cuja fé protesto viver e morrer. Declaro que sou filho legitimo de Antonio Nogueira Penido e Dona Francisca Antonia de Araujo já falecidos, natural da Freguezia de Congonhas do Campo e de presente morador da Freguezia de Nossa Senhora da Piedade do Paraopeba. Conservei me sempre no estado de solteiro e ao fazer este meu testamento estou sofrendo da saude, porem no pleno uso de minhas faculdades intelectuais. Declaro que não tenho herdeiros forçados e por isso passo a dispor de meus bens com toda liberdade. Instituo por meu herdeiro a Manoel Lucio Nogueira, que criei e sempre tem morado comigo e bons serviços me tem prestado encarregando si da administração de minha casa, obriguei me a fazer lhe a porção annual de quinhentos mil reis do que si achará assento em livro de razoens, cujas porçoens estão por si pagar.”

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Manoel Lúcio Nogueira Penido não só ganhou a herança em quantia como a Fazenda Três Barras e Tumba, situadas no distrito de São José do Paraopeba e anexadas a Bonfim por decreto no ano de 1873, de acordo com o Jornal Diário de Minas. Isso indica claramente a situação de filho natural de Antônio Lúcio (1809/1868), desconhecendo-se, portanto, sua mãe, que não é citado no testamento. Logo, sua ascendência remete ao Cirurgião-mor Antônio Nogueira Penido, seu avó citado no testamento, licenciado em Medicina por provisão régia e dono da fazenda do Palhano em Macaúbas dos Montes-Santana do Paraopeba. Este por sua vez filho do português Manuel Nogueira Penido, bisavô de Manoel Lúcio e de Ana Carolina Nogueira Penido também. Sua história é citada anteriormente no início da página.

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Manoel Lúcio nasceu em 1833, de acordo com pesquisas no Jornal O Pharol de 18 de abril de 1878. Foi fazendeiro, dono de escravos e rico proprietário de lavras bem influente na região, dono da fazenda Três Barras e Tumba. Anna Carolina tinha posse de uma fazenda situada em Bonfim, a Fazenda Providência, herança da família Nogueira Penido, que foi referida em uma carta de alforria em seu próprio nome, quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea, que aboliria de vez a escravatura, sendo um documento importantíssimo para História do Brasil, que está retratado abaixo:

Este documento foi adquirido por Marcos Lima de um numismático de Camboriú/SC de onde consegui atrelar uma lenda contada pela família ao fatos que se haviam perdidos no tempo. Esta é a carta de alforria da escrava Constança, datada do dia 25 de fevereiro de 1884 em Bonfim, Minas Gerais, e assinada pelo Capitão e Juiz de Direito Emílio José de Sousa Maciel, procurador da fazendeira Anna Carolina Nogueira Penido. Podemos ver claramente que o referido documento traz o notório "selo imperial”, impresso em Portugal, que comprova sua autenticidade.

 

É contado pela tradição oral na família que Nana era uma escrava dos Penido Monteiro de Castro. É a mulher de cabelos brancos ao lado de Maria da Conceição Penido Monteiro de Castro, Tita, de vestes pretas, ao centro da fotografia logo abaixo.

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Logo Constança e Nana são as mesmas pessoas!  Constança criou Tita desde o nascimento dela, acompanhou toda sua adolescência na Fazenda, seu casamento com o filho do Barão de Congonhas Domiciano Ferreira Monteiro de Castro em 1893, a gravidez dos filhos dela... A vida de Constança mudou com este documento?

Infelizmente não. De uma maneira geral, não houve um processo de integração dos negros à sociedade depois das cartas de alforrias pelos liberais da época, muito menos após à Lei Áurea. Quando muito, conseguiam trabalho em pequenas roças de subsistência ou, então, tornavam-se parceiros nas fazendas de café. Outros abandonavam as antigas propriedades onde eram escravizados, indo para as cidades, formando uma mão-de-obra marginalizada pela concorrência do imigrante. Constança continuou no seio da família Penido Monteiro de Castro servindo e ajudando a criar os netos de sua ex-proprietária até o dia de sua morte. Um capítulo triste para a história do mundo contemporâneo.

De acordo com pesquisas no Jornal Noticiador de Minas de janeiro de 1869, achou-se uma coluna de Jurisprudência referente a uma condenação de Manoel Lúcio a prisão, sendo acusado em seu acesso de cólera, ter enviado uma carta a apelante Maria do Carmo Gomes, contendo injurias e a mesma o processou por difamação. Nessa época ele estava no primeiro casamento.

 

A seguir um trecho da sentença da primeira instância de João Baptista Teixeira de Souza:
 

“Julgo procedente a queixa de fl. 2 dada por D. Maria do Carmo Gomes contra Manoel Lucio Nogueira, visto constar do depoimento das testemunhas, e não ser contestado pelo dito Nogueira, haver ele dirigido a Autora a carta de fl. 5 contendo injurias que prejudicão a sua reputação e a expõem ao desprezo publico, e portanto condemno o réo Manoel Lucio Nogueira na pena de dous mezes de prisão na cadêa d’esta cidade, e na multa correspondente a metade do tempo, por julgal-o incurso no gráo medio do art. 237§3º do cod. Crim., combinado com o art. 238 do mesmo cod., e ser o crime previsto pelos §§2º e 4º do art. 286 do mencionado cod., e bom assim nas custas do processo.”

 

Conservada a grafia da época

Em outro Jornal, Diário de Minas, datado de 30 de abril de 1874, divulga-se o cumprimento de apenas dois meses da pena de Manoel Lucio na cidade de Bonfim, bem como um fato interessante: cita que ele foi casado com sua prima, Camilla Augusta de Amorim Penido, filha do Capitão Manoel de Amorim Souto e de Dona Luiza Nogueira Penido, e que sua mãe ainda estava viva aguardando seu retorno. Nesta coluna o escrito afirma com grande veemência que seu julgamento foi errado e completamente equivocado e que toda população do Paraopeba se revoltou com tal fato. Após sua libertação, Manoel Lúcio foi recebido com pompa em São José do Paraopeba, com direito honrarias. Foram mais de 200 cavaleiros que o acompanharam de volta a sua fazenda. A seguir um trecho retirado do Jornal citado acima:

“Gregos e Troianos, cidadão de todas as classes, comfundirão-se n’uma só familia para felicitarem e apresentarem ao Sr. Manoel Lucio os sentimentos de afeição por sua pessoa, e a parte activa que tomarão no seo jubilo; o que exhuberantemente prova que Manoel Lucio não simbolisa uma simples indiviadualidade e sim um povo inteiro, não só pelos laços de parentesco que os ligão, como também pela grande sympathia e amizade que lhe votão os cidadãos das demais classes.”

 

Neste mesmo ano sua esposa faleceu no dia 27 de julho de 1874, sem gerações deste casamento. Em seu testamento, de aceitação aos 3 de Agosto de 1874 pelo viúvo Manoel Lucio por seu Procurador e Advogado, o Coronel José Egydio da Silva Campos, Camila instituiu seu marido herdeiro de sua terça parte de suas posses, a quem o nomeou seu testamenteiro em primeiro lugar, em segundo seu irmão Manoel de Amorim Nogueira, em terceiro seu outro irmão Antônio de Amorim Nogueira.

 

Provavelmente aqui, em Belo Vale e antiga São Gonçalo da Ponte, onde Manoel Lúcio cumpriu a pena da acusação, conheceu sua nova alma gêmea que lhe traria descendentes. Depois da abertura do testamento de sua primeira esposa e divisão dos bens, Manoel Lúcio provavelmente voltou a Bonfim e casou-se com Anna Carolina Nogueira Penido em setembro de 1874. Ele viveu o resto de sua vida se dedicando as suas Fazendas e sua família. De acordo com uma dissertação de mestrado em História da UFMG de Ulisses Henrique Tizoco, "O mercado de escravos de Bonfim do Paraopeba e suas conexões (1842-1888), é citado que Manoel Lúcio Nogueira Penido efetivou duas cartas de alforrias de escravos antes de sua morte, comprovando o pensamento abolicionista do seio desta família.

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Há relatos de que Manoel Lúcio era uma pessoa muito caridosa e que, certa feita, ajudou um senhor a se reerguer de uma falência. Este, depois da morte de Manoel, quis retribuir toda a ajuda a pagando o casamento de sua filha Tita com Domiciano Ferreira, o filho do Barão de Congonhas. O grande amigo entrou com ela no altar, representando Manoel Lúcio e toda a forma de gratidão aos favores prestados pelo inumado fazendeiro. Sobre seu falecimento é contado que Manoel foi emboscado por assaltantes numa estrada que ligava São Gonçalo da Ponte a Piedade do Paraopeba. Golpeado na cabeça, ficou acamado em casa até morrer em 10 de novembro de 1882 e foi sepultado na Matriz de São José do Paraopeba.

​Voltando a história, deixando de lado os ascendentes de Maria da Conceição, Domiciano Ferreira teve uma morte precoce. Faleceu em sua propriedade, na Fazenda Boa Vista, devido a um infarto no dia 4 de setembro de 1919, às 23 horas. Domiciano deixou grande herança para sua esposa Tita e seus 12 filhos listados a seguir:

​

8.7.8.1 Maria Gertrudes Monteiro de Castro
8.7.8.2 Lucas Estêvão Monteiro de Castro

8.7.8.3 Emanuel Monteiro de Castro
8.7.8.4 José Inácio Penido Monteiro
8.7.8.5 Maria do Espírito Santo M. de Castro
8.7.8.6 Ana Tomásia Monteiro de Castro
8.7.8.7 Raimunda Monteiro de Castro  
8.7.8.8 Paschoal Monteiro de Castro    
8.7.8.9 Valeriano Monteiro de Castro 
8.7.8.10 José Silvério Monteiro de Castro
8.7.8.11 Martha Monteiro de Castro
8.7.8.12 Olga Monteiro de Castro

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Foto de Domiciano Ferreira em traje formal, meses antes de sua morte.

Túmulo de Domiciano Ferreira Monteiro de Castro, enterrado no Cemitério de Nossa Senhora da Boa Morte, Belo Vale.

Foto da prole do casal. Na parte superior da esquerda para direita: Maria Gertrudes (Mariquinha), Constança (Nana), Maria da Conceição (Tita) já viúva e Raimunda. Na parte inferior, da esquerda para direita: Martha, José Silvério, Valeriano e Paschoal.

Pela tradição oral, Cristiano Machado (primo de Domiciano, que este já era falecido na época) roubou as escrituras das terras do Arrojado Lisboa, onde se localizava a Fazenda Boa Vista e das outras posses herdadas da família Nogueira Penido. Maria da Conceição já muito idosa e debilitada foi obrigada a sair de suas posses e morar na cidade de Belo Vale onde viveu até o dia do seu falecimento ocorrido no seu domicílio em 21 de dezembro de 1956, às 10 horas, devido a uma anemia senil e colapso cardio-circulatório, e foi enterrada no Cemitério Municipal de Belo Vale. Pelo que se sabe, o último dono da Fazenda Boa Vista no século XX foi um tal de Hermógenes.

Fotografias do acervo de Maria Aparecida Monteiro Guimarães de Carvalho, neta de Domiciano, solteiro na época da foto, e de Tita já na terceira idade. Restaurações realizadas por Breno Booz.

Pintura da Fazenda Boa Vista que se encontrava no Arrojado Lisboa, Zona rural de Belo Vale.

 

A seguir um trecho do inventário do Barão que cita a Fazenda Boa Vista nos seus espólios:

 

"Nós louvados abaixo opignados em virtude do mandado retro e supra avaliamos os bens do espólio do finado Barão de Congonhas do Campo e sua mulher, que nos farão apresentados pelo inventariante Domiciano Ferreira Monteiro de Castro pela maneira seguinte a:

​

Fica morada de casas seitas no Distrito de Bôa Morte em quatrocentos mil réis, metade se sua morada de casas, terras de cultura e campos que forão do Vigário Antônio José da Silva (Ilegível) com oito em mil réis. Fica parte de terras de cultura e (ilegível) na Fazenda da Boa Vista, que foi de José Pedro Francisco Junqueira em dois contos e quinhentos mil réis. Fica parte de terras de cultura de dez alqueires mais ou menos na Fazenda do Salto compradas a Felisberto e Fermino de tal em duzentos e cinquenta mil réis. Fica meia quarta de terras de cultura na mesma fazenda do Salto comprada a Maria Helena em dez mil réis. Fica um carro velho passado em trinta e cinco mil réis. Fica de bulhados de milho em vinte mil réis. Vinte caixotes de abelhas em vinte e quatro mil réis."

​

Boa Morte, 28 de julho de 1891


João da Malta Pinto

Lucio Delfino dos Santos

Assinatura de Domiciano, datada de 25 de julho de 1891 em Bonfim, retirada da página do inventário do finado Barão de Congonhas.

Clique aqui para acessar a descendência de Domiciano e a história de vida de seus filhos e netos.

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