A origem dos sobrenomes
Hoje obrigatório, o sobrenome era um privilégio até o fim da Idade Média no Ocidente. Apenas nobres tinham um complemento oficial ao nome próprio, geralmente ligado à região em que eram soberanos. Mas, conforme a população começou a aumentar e circular, um nome só (ainda que composto) não era mais suficiente para distinguir os plebeus, e o povo passou a ser identificado também por seu ofício, origem, fortuna, físico, personalidade. Para ficar em exemplos portugueses, foi assim que surgiram sobrenomes como Ferreiro, Lisboa, Rico, Longo, Valente etc. Aos poucos o hábito se disseminou e foi sendo passado para as novas gerações. Em 1370, já se encontra a palavra “sobrenome” em documentos oficiais de diversos países. A partir daí a diferença passou a ser a maneira de usar:
Na maioria das culturas as pessoas têm apenas um sobrenome, geralmente herdado do pai. A partir do final do século XIX, por influência da burguesia francesa as mulheres portuguesas acrescentarem o sobrenome do marido aos seus sem retirarem os de solteira.
Os primeiros a adquirirem sobrenomes foram os chineses. Algumas lendas sugerem que o Império Fushi decretou o uso de sobrenomes, por volta de 2.852 a.C. Os chineses tinham normalmente 3 nomes: o sobrenome, que vinha primeiro e era uma das 438 palavras do sagrado poema chinês "Po-Chia-Hsing". O nome de família vinha em seguida, tirado de um poema de 30 personagens adotados por cada família. O nome próprio vinha então por último.
Na Antiga Roma tinham apenas um nome próprio. No entanto mais tarde passaram a usar três nomes. O nome próprio ficava em primeiro e se chamava "praenomen". Depois vinha o "nomem", que designava o clã. O último nome designava a família e é conhecido como "cognomen". Alguns romanos acrescentavam um quarto nome, o "agonomen", para comemorar atos ilustres ou eventos memoráveis.
Origem de alguns sobrenomes por ocupação:
John, sendo carpinteiro, cozinheiro, moleiro, alfaiate, chamar-se-ia em inglês, respectivamente, de: John Carpenter, John Cook, John Miller e John Taylor.
Um ferreiro, se chamaria em inglês de Smith, Millers (moleiros), Taylors (alfaiates) e Carpenters (carpinteiros), Gardners (jardineiros), Fisherman (pescadores), Burke ou Burgie (tem a ver com castelos ou fortes), Hunters (caçadores), sendo que os Millers de uma vila não tinham necessariamente qualquer relação com os Millers de outra vila.
Localidade: O John que morava numa colina/montanha (hill, em inglês) pode ter ficado conhecido por John Overhill (over, considera-se "em cima"). O John que morava perto de um riacho poderia ser chamado de John Brook (brook=arroio, ribeiro).
Muitos sobrenomes indicavam antigamente o nome do pai ou da mãe; por exemplo, "Esteves" significa "filho de Estêvão". Mas também Joana Fernanda significava Joana, filha de Fernanda, assim como André João significou André, filho de João, e José Mariano quis dizer José, filho de Maria. Nos países em que a religião mais influente é a católica, é habitual o uso de designações religiosas nos apelidos. Exemplos: Anjos, Assunção, Baptista, Espírito Santo, Graça, Luz, Jesus, Santos. Mesmo tendo sido estes fenômenos o começo para todos os sobrenomes que existem hoje, grande parte dos nomes usados nas Idades Média e Moderna não tem a ver com a hereditariedade.